Greve dos motoristas de ônibus: categoria mantém paralisação em João Pessoa
29/01/2025
Greve se estende há três dias e motoristas devem analisar nova proposta do Sintur-JP nesta quinta (30) durante assembleia. Motoristas de ônibus estão em greve desde a segunda-feira (27)
Diogo Pinheiro
Os motoristas de ônibus de João Pessoa decidiram, nesta quarta-feira (29), manter a greve da categoria, que começou na segunda-feira (27). A decisão veio após audiência de instrução no Tribunal Regional do Trabalho na Paraíba (TRT-13), que terminou sem acordo sobre o reajuste salarial da categoria.
A audiência começou por volta das 15h e terminou apenas no começo da noite. Houve uma pausa para análise de uma proposta apresentada pela presidente do TRT e pelo procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT). No entanto, a proposta foi negada pelos motoristas de ônibus.
Agora, o proposto pelo Sintur-JP foi um reajuste linear de 5% e vale alimentação de R$ 500 no mês de janeiro, com aumento gradativo para R$ 550 em 1º de julho, além da manutenção da gratificação, do plano de saúde e demais cláusulas da convenção.
Uma nova assembleia dos motoristas deve ser realizada na manhã desta quinta-feira (30), na qual os motoristas devem debater a nova proposta do Sintur-JP. O movimento teve início com os motoristas pedindo um aumento de 15%.
Greve dos motoristas de ônibus em João Pessoa: entenda por que paralisaram e quais são as reivindicações da categoria
Sem acordo na audiência de instrução, a questão pode ser encaminhada para o pleno do TRT, caso os motoristas voltem a rejeitar o que foi colocado pelas empresas.
Audiência de instrução marcada pela Justiça do Trabalho aconteceu nesta quarta-feira (29)
Ana Beatriz Rocha/TV Cabo Branco
Histórico de reivindicações dos motoristas
A categoria começou a greve exigindo um aumento de 15% nos salários, enquanto a proposta do sindicato patronal inicial foi de apenas 3%. Além do reajuste salarial, os motoristas pedem a retomada do vale-alimentação, que foi suspenso desde 2019, e o fim das duas jornadas de trabalho. Entre as principais reivindicações estão:
Reajuste de 15% no piso salarial
Aumento de 81% no valor do auxílio-alimentação
Elevação de 150% na gratificação
Inclusão de plano odontológico
Plano de saúde
Na terça-feira (21), uma reunião entre os motoristas e o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Sintur-JP) não resultou em acordo sobre o aumento salarial.
A situação também foi influenciada pelo recente aumento da tarifa de ônibus, que passou de R$ 4,90 para R$ 5,20 em 13 de janeiro, sem melhorias nos salários dos motoristas, conforme apontado pela categoria.
Na audiência de conciliação realizada na segunda (27), o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros no Município de João Pessoa (Sintur) propôs um reajuste linear de 5% sobre salário, vale-alimentação e comissão, mantendo o plano de saúde dos trabalhadores. A proposta já havia sido aprovada pelo Conselho Municipal de Transporte.
Por outro lado, o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Passageiros e Cargas da Paraíba (Simtro/PB) apresentou uma contraproposta. A categoria reivindicou um aumento linear de 6%, uma comissão “batedor” de R$150, um vale-alimentação de R$ 600 e a manutenção das demais cláusulas do acordo anterior. No entanto, o sindicato que representa as empresas de transporte coletivo recusou a proposta.
Antes da audiência, motoristas realizaram uma caminhada com cartazes até o Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (TRT-13), onde ocorreu a audiência.
Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (TRT 13), na Paraíba
Kleide Teixeira/Jornal da Paraíba
A audiência de instrução tem o objetivo de buscar um desfecho para a paralisação, que tem impactado o transporte público na capital paraibana. A expectativa é que o encontro possa viabilizar um acordo entre motoristas e empresários, garantindo melhorias para os trabalhadores e a retomada completa do serviço para a população.
Segundo dia de greve dos motoristas de ônibus em João Pessoa
Descumprimento da frota que deveria estar circulando
Devido a falta de ônibus, o trânsito ficou intenso em algumas regiões de João Pessoa
Divulgação/Semob-JP
Desde o início da greve, a Justiça do Trabalho definiu que era necessário a circulação de 60% da frota. Na terça-feira (28), a frota de João Pessoa registrou a circulação de 48,1% dos ônibus.
A informação do percentual de ônibus circulando é do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Sintur-JP). De acordo com o sindicato, é possível monitorar os ônibus em circulação por GPS.
Em contato com a CBN João Pessoa, na tarde desta terça, o diretor do Sindicato dos Motoristas de Ônibus, Eduardo Lima, afirmou que a ordem judicial estava sendo cumprida e que os motoristas estavam mantendo 60% da frota de ônibus em circulação.
A Superintendência de Mobilidade Urbana de João Pessoa (Semob-JP) ficou responsável por fiscalizar se o percentual de ônibus circulando está de acordo com o definido pela Justiça. Nesta terça-feira (28), a Semob divulgou em contato com a CBN João Pessoa que, até às 12h, apenas 45,4% da frota de ônibus estava circulando, o que mostra um conflito de informações entre os sindicatos.
Na segunda-feira (27), a Semob constatou que apenas 25,49% dos veículos estavam em operação até o meio-dia.
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